Os povos antigos entendiam a refeição como um momento sagrado, onde você iria se nutrir e fornecer ao seu corpo aquilo que ele precisa para performar da melhor forma.
Durante a evolução da humanidade, visando nossa sobrevivência, foram desenvolvidas três formas principais de agir:
- por hábitos: cuja função era poupar seus miolinhos de ter que parar e pensar sobre cada ação a ser tomada;
- passional: movida primordialmente pela emoção e que, por ser dessa forma, é totalmente passível de erros;
- consciente: que é o modo de agir em que você reflete sobre cada gesto.
Quando estamos trabalhando, na maior parte das vezes, estamos agindo de forma consciente, pensando em cada palavra que iremos dizer ao chefe, cada gatilho que iremos imputar no cliente, afinal de contas, o pão de cada dia depende daquilo.
E por que não nos alimentamos da mesma forma? Por que não existe essa cultura de refletir sobre o que estamos ingerindo? Eu poderia lhe dar mil motivos aqui – a indústria alimentícia é uma delas – , mas o que mais pesa nessa decisão pode ter certeza que é primeiro, o seu hábito, conveniência e, por último, mas não menos importante, o seu desejo, a fome hedônica, aquela que você come simplesmente para satisfazer um desejo. Exemplifico:
Em uma tarde qualquer, bateu aquela fome às 5 horas onde você já almoçou, mas ainda é muito cedo para jantar, então você olha uma pipoca de microondas na despensa. “É isso”, conclui. Aquele aroma maravilhoso sai do microondas enquanto você espera. A fome era tanta que você comeu o pacote inteiro, mas começa a sentir um leve desconforto estomacal. E então você se lembra que teve essa mesma dor ontem e que aquela quantidade de gordura não seria interessante pro seu corpo.
Pois bem, citei exemplo de uma mazela, mas poderia ser um excesso de carboidratos (“hum, comi dois pãezinhos de manhã, acho que vou comer só ovos mexidos à tarde”) ou açúcares (“ontem comi um pedaço de torta de limão depois do almoço, hoje acho que não preciso”), refrigerante durante as refeições (trocar por água com gás, ou melhor ainda, ausência de líquidos nas refeições), entre outros.
A hora da refeição deve deixar de ser um momento para satisfazer os próprios desejos e se tornar um momento consciente, onde você precisa pensar “qual é o meu objetivo aqui?”, “O que eu quero a partir dessa refeição? Emagrecer? Aumentar massa muscular? Comer alguma coisa gostosa?”. A última opção também é válida, desde que seja um ato consciente e não apenas um automatismo tão rápido quanto colocar um quadrado de chocolate na boca. Eu posso comer algo apenas para ter uma satisfação momentânea, desde que isso não se torne um hábito e desde que você compense nas próximas refeições. Isso se chama equilíbrio, e não há mal nenhum em seguir o caminho do meio, desde que seja consciente.


